Em uma linhagem real, o primogênito é o herdeiro imediato do trono. O povo de Israel tinha o direito de primogenitura que Jacó, seu pai, recebera às custas de seu irmão Esaú. A bênção de Deus aos israelitas está representada pela marca de sangue em suas portas que impediu o anjo de matar seus primogênitos. E como símbolo e memória dessa unção, os israelitas deveriam consagrar seus filhos primogênitos e os de seus gados. Mas eles perderiam esse direito preferindo as iguarias do Egito, por um prato de lentilhas.
Jesus Cristo aperfeiçoou esse direito de primogenitura complementando-o com a sua divina. Embora Ele seja desde sempre «o Primogênito de toda a criação» (Colossenses 1, 5), quis ser «o primogênito entre uma multidão de irmãos» (Romanos 8, 29) para que eles tivessem uma participação em seu divino direito de primogenitura. Pois essa prerrogativa não foi mantida; Ele morreu como um cordeiro manso para aspergir com seu sangue aqueles de quem definitivamente separaria o anjo da morte para prolongar sua realeza neles. Sob a sua cruz recebem o sacramentum do Cordeiro degolado. Nele são filhos primogênitos aqueles marcados com a água e o sangue que fluíram do seu lado aberto: o batismo, que é a unção como rei; e a Eucaristia, o alimento que nos torna mais perfeitamente semelhantes a Ele e coerdeiros do Seu Reino. A Eucaristia é mais do que qualquer comida, porque serve de sustento para o corpo e a alma. Não é mais possível vender o direito de primogenitura em troca de comida: Cristo nos dá ambos!